METANO SOBE PELA REDE ELÉTRICA E SAI DAS TOMADAS
Ar de uma das saídas tem 100% de gás; estacionamento registra metano em ‘níveis de inflamabilidade’
Diego Zanchetta e Rodrigo Brancatelli
O vazamento de gás metano do subsolo do Center Norte ocorre por meio da rede elétrica do shopping. Em uma das tomadas dos pilares por onde passam os fios, uma medição da Prefeitura de São Paulo chegou a constatar 100% de metano na composição do ar, com alto risco de explosão. O gás já entrou em pelo menos duas lojas do empreendimento, segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
Os três pilares nos quais foram detectados vazamentos ficam em áreas internas do shopping, perto das lojas. Um deles fica do lado da Loja da TIM, onde foi detectada a presença de gás em níveis que oferecem risco de explosão. Técnicos da Cetesb acreditam que o gás que escapou do pilar tenha entrado na loja.
“O risco maior continua sendo esse. O gás que vaza pela rede elétrica e pode entrar em algum recipiente fechado, como no depósito de uma loja. Aí um funcionário, ao acender a luz, pode gerar a explosão”, afirmou ontem em depoimento na Câmara Municipal Rodrigo Cunha, gerente de áreas contaminadas da Cetesb.
Cunha informou que também foi detectado gás em “níveis de inflamabilidade” no estacionamento do shopping. “Mas lá não existe risco de explosão porque o gás se dissipa rápido no ar”, acrescentou o gerente de áreas contaminadas.
Movimento. Em dias normais, cerca de 120 mil pessoas passam pelo empreendimento. Nos fins de semana, o número de clientes chega a 800 mil. O Center Norte é o segundo centro de compras mais movimentado entre os 80 da capital – só perde para o Shopping Aricanduva, na zona leste.
Cetesb vai avaliar 13 áreas próximas a shopping de SP
29 de setembro de 2011 | 8h 17
AE - Agência Estado
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou que vai investigar se existe indícios de contaminação em outras 13 áreas próximas do Center Norte. A informação foi dada em audiência pública para discutir a solução para o vazamento de gás metano no Shopping Center Norte.
Com base em levantamentos fotográficos de 1950 e de 1978, comparados com a atual ocupação da várzea do Rio Tietê na região da Vila Maria, o vereador Juscelino Gadelha (PSD) suspeita que locais como o Estádio do Canindé também estão sobre antigos lixões, correndo o risco de ter vazamento de gás metano semelhante.
Ampliados, os levantamentos fotográficos - feitos por meio de pesquisas no Google - indicam que lagoas ao lado do Tietê, de onde era retirada terra para construção de prédios e de obras públicas nos anos 1950, viraram aterros duas décadas depois.
Pelas fotos observa-se que esses lixões foram ocupados por prédios, casas, comércios e pelo Shopping Center Norte.
Não se sabe ao certo como foi a ocupação dessa área de várzea. Pelas leis atuais de uso e ocupação do solo, nem o Anhembi - principal centro de convenções da Prefeitura de São Paulo - poderia ser erguido tão perto da várzea do Tietê.
O pedido de investigação dessas áreas, feito ontem formalmente pela Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente, também foi destinado a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, entre outros órgãos.
"Nossa proposta é fazer uma varredura para tentar compreender se há outros focos problemáticos naquela região. Lá há outras indústrias, residências, prédios, parques", justificou o vereador Juscelino Gadelha (PSD), autor da requisição.
Ele apresentou o mapa com as áreas supostamente contaminadas a técnicos da Cetesb durante a audiência pública na Câmara. Segundo Gadelha, o mapa é do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.
Indagados sobre o assunto, os representantes da companhia reconheceram que os locais citados podem apresentar problemas e se mostraram dispostos a iniciar as análises.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
História: Mário Covas ameaçou demolir Center Norte
“Se não cumprir a lei, o shopping será demolido. “Não quero ser acusado de não cumprir a lei”. A prefeitura não vai ser colocada no banco dos réus”, prefeito Mário Covas, em abril de 1985.
Primeiro shopping da cidade que fugiu da zona Sul, o Center Norte, que recebeu hoje auto de interdição, foi inaugurado em abril de 1984 pelo prefeito Mario Covas e pelo empresário Otto Baumgart.
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Conclusão brilhante:
...”Para Jefferson Teodoro, de 46 anos, o local funciona há muitos anos e, se houvesse realmente risco de explosão, ela já teria ocorrido”...
Lógica do capital:
“Acho impossível que o shopping feche. Seria um prejuízo muito maior que a multa de R$ 2 milhões”, comentou Sandra Cesário, de 52 anos, que há 12 trabalha no Center Norte.
Comerciários exigem garantias de emprego a donos de lojas
Sindicato propõe que as pessoas que trabalham no centro comercial sejam remanejadas em caso de fechamento
29 de setembro de 2011 | 8h 39
Cida Alves - Especial para O Estado de S. Paulo
O Sindicato dos Comerciários de São Paulo (SECSP) realizará uma assembleia com os funcionários do shopping Center Norte amanhã, às 9 horas, uma hora antes do prazo determinado pela Prefeitura para a interdição do local. A intenção é definir com os proprietários das lojas a situação dos trabalhadores durante o tempo em que o estabelecimento estiver fechado – se fechar.
Ontem, o sindicato distribuiu panfletos sobre a assembleia e orientou lojistas pela manhã. A proposta é que os funcionários sejam remanejados para outras filiais. No caso de lojas que só existem no Center Norte, eles não deixariam de receber uma remuneração. Ontem, o funcionamento era normal e os lojistas aguardavam algum comunicado da administração do shopping para saber se fechariam ou não.
Tranquilidade. Enquanto alguns funcionários preferiam não comentar o risco de explosão apontado pela Prefeitura, outros afirmavam trabalhar com tranquilidade. “Acho impossível que o shopping feche. Seria um prejuízo muito maior que a multa de R$ 2 milhões”, comentou Sandra Cesário, de 52 anos, que há 12 trabalha no Center Norte.
Para Jefferson Teodoro, de 46 anos, o local funciona há muitos anos e, se houvesse realmente risco de explosão, ela já teria ocorrido. Tanto lojistas quanto clientes notaram uma redução no número de frequentadores após o notícia da interdição ter sido divulgada na mídia. “Eu consegui vaga no estacionamento no horário de almoço. Isso era quase impossível antes”, comentou o representante comercial Mauro Sagnoni, de 50 anos.
O impacto ultrapassou a área do shopping e também afetou os vizinhos. “Aqui na loja também reparamos que houve uma redução no movimento. Eu mesma sinto um pouco de medo”, afirmou a vendedora Juceli Domingues Pereira, de 33 anos, que trabalha em uma loja a 500 metros do empreendimento, na Avenida Zaki Narchi, zona norte da capital paulista.
Medo no Deic. Até no Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), também vizinho do shopping Center Norte, <IP9,0,0>há policiais temerosos com a possibilidade de o centro de compras explodir, segundo o diretor, delegado Nelson Silveira Guimarães. Mas ele avisa que seguirá almoçando no local todos os dias.
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