o mosal

O MOSAL é um coletivo formado por pessoas e entidades de Florianópolis cujo objetivo é influir nas políticas públicas de saneamento básico, assim como promover a conscientização dos cidadãos através de ações e oficinas.
SANEAMENTO DESCENTRALIZADO
ESGOTAMENTO SANITÁRIO

RESÍDUOS SÓLIDOS

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Conversa prá boi dormir...

Justiça nega liminar do MP... E agora não é mais UM , mas são DOIS shows...


..."Para ela ( a juíza), o fato de o entorno do evento ser uma área ambiental sensível não é um impeditivo para que o show aconteça, pois a prefeitura já impôs que a organização do evento tome medidas para evitar ou minimizar os danos ao meio ambiente."


Nada é impeditivo prá se ganhar dinheiro...


É sempre a mesma conversa... E aí MP, já se calou???


..." medidas para evitar ou minimizar os danos ao meio ambiente"...
E desde quando isso lá é garantia? 
Minimizar danos ao meio ambiente... inclui lá a invasão posterior pela especulação imobiliária que está por trás de tudo isso?

Haverá um dia em que a justiça abraçará uma causa do movimento popular?

Raquel Macruz 


Diário Catarinense
Temporada  |  04/02/2011 23h07min

Justiça Federal nega liminar do MP que pedia o cancelamento do show de Ben Harper

Ministério Público pode recorrer da decisão

Ingrid dos Santos
A Justiça Federal negou, às 21h20 desta sexta-feira, a liminar do Ministério Público Federal de Santa Catarina (MPF-SC) que pedia o cancelamento do show de Ben Harper, devido aos possíveis prejuízos ao meio ambiente e à comunidade que vive na Praia do Campeche.

Na decisão, a juíza afirmou que, embora existam áreas que são parcialmente de preservação na região, a área restrita do evento é de propriedade particular, e citou um trecho do laudo técnico do Ibama: "[a área] foi aterrada e é desprovida de vegetação nativa há pelo menos 50 anos, não sendo considerada como impactante a utilização temporária desta área para o evento". 

A juíza disse ainda, no documento, que o ponto crítico da questão é o entorno do terreno onde será realizado o show, que é uma região de ecossistema sensível.

"Para a proteção dessa vegetação a Autorização Ambiental número 025/2011-DELIC, expedida pela FLORAM e que foi juntada aos autos pelo réu Município de Florianópolis, estabelece condições e restrições para a realização do evento, inclusive com exigência de instalação de proteção da duna frontal e vegetação fixadora", afirmou na decisão.

Para ela, o fato de o entorno do evento ser uma área ambiental sensível não é um impeditivo para que o show aconteça, pois a prefeitura já impôs que a organização do evento tome medidas para evitar ou minimizar os danos ao meio ambiente.

O Ministério Público pode recorrer da decisão no plantão do Tribunal Regional Federal (TRF) de Porto Alegre. Entretanto, até às 23h desta sexta-feira, o MPF-SC não havia se pronunciado sobre o assunto.

Ação pública
Por volta das 14h30min desta sexta-feira, o Ministério Público Federal de SC (MPF-SC) protocolou uma ação civil pública na Justiça Federal com pedido de liminar, ou seja, em caráter de urgência, pedindo a suspensão de todas as licenças e autorizações, ambientais ou não, para a realização do evento Praia Skol Music.

Os motivos foram os possíveis prejuízos ao meio ambiente e à comunidade que vive na Praia do Campeche.
 
O show de Ben Harper, Tom Curren e Donavon Frankenreiter, está programado para este sábado e domingo, na Praia do Campeche, em Florianópolis.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Inversão de valores!


Ora vejam só...
O Marcos Soares, promotor do evento da Skol disse, em programa do Mario Mota- CBN, que os gatos pingados que são contrários à realização do evento no Campeche estão pensando no próprio umbigo... e que a Skol... é que quer o bem da população!!!

Essa é boa...

As comunidades do sul da ilha se reuniram diversas vezes durante toda essa história do show... NINGUÉM nos procurou... Então, como que por milagre, o vice-prefeito teve a CORAGEM de aparecer em nossa reunião de ontem, depois de terem descaradamente aprovado as licenças em tempo recorde de 4 ( QUATRO!!!) dias, prá dizer que se solidariza com a comunidade!!!!UAU!!!
HISTÓRIA PRA BOI DORMIR...
Tem R$500.000 rolando por aí...
A pergunta que azucrina...
De quanto foi a propina!
E ele vazou!!!
VALE TUDO POR $$$$ !!!! ACABAR COM O SUL DA ILHA NÃO TEM PREÇO!!!
O PESSOAL DO NORTE DA ILHA SABE DISSO, MAIS DO QUE NINGUÉM!!!

Raquel Macruz

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Leia abaixo:
Manifestação popular por comunidades do sul da ilha na Câmara reacende a questão do Plano Diretor Participativo na cidade e inquérito policial contra CASAN é finalmente aberto - poluição do Rio Papaquara.

Sul da ilha se manifesta na Câmara de Vereadores

Do BLOG de Elaine Tavares

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011



















Fotos: Rubens Lopes
Primeiro dia de trabalho na Câmara de Vereadores da cidade de Florianópolis e os representantes de diversas entidades do sul da ilha de Santa Catarina (Florianópolis) fizeram ouvir sua palavra. Munidos de faixas e cartazes eles ocuparam a galeria e entregaram um documento a cada um dos vereadores. Neste documento estão colocados todos os problemas que o sul enfrenta com o crescimento desmedido, construções irregulares, desperdício de água potável, mega empreendimentos e eventos grandiosos que não encontram estrutura, uma vez que o bairro é eminentemente residencial.

O ponto que detonou mais uma jornada de luta no sul foi a realização de um mega show patrocinado, promovido e organizado pela empresa Skol, sem qualquer contato com a comunidade do Campeche ou com a prefeitura municipal. Mas, a despeito disso, todo o sul da ilha vem lutando desde há mais de quatro anos quando iniciou mais um processo de construção do Plano Diretor, chamado de participativo, que terminou abruptamente porque a prefeitura decidiu contratar uma empresa de fora de Florianópolis para esboçar um plano para a cidade.

No documento entregue para os vereadores, as entidades do sul da ilha exigem que a Câmara estabeleça uma moratória na liberação de licenças para construções na cidade até que seja definido de uma vez por todas o Plano Diretor. É também uma maneira de retomar a luta por este plano que foi cuidadosamente construído por toda a cidade e que acabou preterido pelo governo de Dário Berger.

O show do Ben Harper é, na visão das lideranças comunitárias, apenas mais um braço da ocupação irregular e desordenada que está sendo promovida no sul por mega empreendedores que, pela força do dinheiro, conseguem quebrar leis e definir alteração de zoneamento. As comunidades que constituem todo o sul da ilha estão na defesa do seu modo de vida que é a vida simples e com qualidade. Ninguém por ali quer se transformar num balneário aos moldes de Canasvieiras ou outros espaços do norte da ilha que hoje sofrem com empreendimentos mal planejados e invasivos. A idéia da realização de eventos grandiosos é uma tentativa de apresentar para a comunidade uma realidade de turismo que aparentemente pode gerar um lucro aqui e ali, mas que no futuro mostrará sua verdadeira cara destrutiva e predadora.

As entidades que foram se manifestar na Câmara de Vereadores, que vão desde o Mosal, movimento do sul da ilha que defende um saneamento descentralizado, até associações de moradores, dos pescadores, surfistas, rádio comunitária, biblioteca livre e outras, além de muitos moradores decididos a lutar pela manutenção da comunidade como um lugar para morar e viver. Todos os manifestantes acreditam que com a moratória, a Câmara de Vereadores abrirá espaço para a discussão do Plano Diretor e aí será hora de outra luta, a que definirá o projeto de organização da cidade. Para quem está na luta desde há anos, como é o caso da comunidade do Campeche – que inclusive foi a primeira a desenhar um plano diretor há mais de 20 anos - é hora de cada morador de Florianópolis se mobilizar e lutar para que o Plano Diretor seja aquele que foi discutido de forma coletiva pelas comunidades e não um , imposto e alienígena.

A luta dos moradores do sul deve continuar. Nesta semana eles voltam a Câmara de Vereadores para cobrar dos vereadores uma resposta ao documento e esperam ainda que a prefeitura não permita a realização do mega show previsto para sábado. “Não há estrutura viária, não há segurança, nem para a comunidade nem para quem vem assistir ao show. Nós vamos cobrar responsabilidades” diz Ataíde Silva, presidente da Associação de Moradores do Campeche. “Cuidar da cidade é também discutir ética. A população tem de estar ciente disso. Quem vem de fora se diverte, mas a comunidade sofre ” , diz Gert Shinke, do Mosal.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Prá quem ainda tem dúvidas ...

MODELO DESCENTRALIZADO nas palavras do jornalista do Estadão - 
Washington Novaes.

O MOSAL NÃO VAI PARAR!!!!

Pequeno, bonito e mais barato- Washington Novaes

Houve tempo em que se popularizou a expressão "small is beautiful" (o pequeno é bonito), que pretendia demonstrar, principalmente na área ambiental, que pequenas iniciativas, pequenas obras, eram um caminho mais fértil, mais barato, de benefícios sociais mais amplos. Hoje a expressão parece em desuso, ao mesmo tempo que se ampliam informações sobre megaobras (que custam fortunas) como solução para problemas sociais, ambientais e econômicos - quando, quase sempre, elas são desperdiçadoras de recursos e concentradoras de benefícios, principalmente nas megaempresas que as executam e influenciam as macropolíticas do País.
Talvez o exemplo mais claro, já comentado neste espaço, seja o da área de energia, em que quase só se planejam mega-hidrelétricas na Amazônia ao custo de dezenas de bilhões de reais, além de outras problemáticas para áreas indígenas e de preservação legal - sem discussão clara com a comunidade científica, que tem apontado outras possibilidades, poupadoras de recursos que poderiam ser destinados a áreas sociais muito carentes. Ainda agora, noticia-se também (Estado, 30/12) que o BNDES emprestará R$ 6,1 bilhões (56,8% do valor total) para construção da usina nuclear Angra 3. Na verdade, a obra já foi iniciada - embora a licença concedida estabelecesse a condicionante de se definir, antes, a destinação final dos resíduos nucleares altamente perigosos, e isso não ocorreu. Sem esquecer o que o cientista Carlos Nobre, coordenador da política nacional do clima, afirmou no programa Roda Viva, da TV Cultura, que esse projeto precisaria ser revisto com cuidado, diante da inconveniência de implantar usinas nucleares à beira-mar, com o processo já em andamento de elevação do nível do oceano. Mas segue-se em frente, como se nada tivesse sido dito. E ainda se planejam mais quatro usinas do mesmo tipo.
Não é muito diferente na área do saneamento, em que mais de 50% da população (mais de 107 milhões de pessoas) continuam sem rede coletora de esgotos, menos de 30% dos esgotos coletados são tratados e quase 40 milhões de pessoas não recebem água tratada em suas casas (Gesner de Oliveira, ex-presidente da Sabesp, 2011) - com graves consequências também na área de saúde, na qual as doenças veiculadas pela água são a principal causa de internações e consultas na rede pública; e na dos recursos hídricos, em que o despejo de esgotos sem tratamento é a principal causa de poluição. Mas nem se acena com qualquer possibilidade próxima de solução, pois se argumenta que para universalizar o atendimento na área serão necessários megainvestimentos de R$13,5 bilhões por ano durante 15 anos (Folha de S.Paulo, 7/1). Ou R$ 255 bilhões, segundo a Sabesp. E ainda é preciso lembrar que os investimentos pelo PAC nesse setor - de R$ 4 bilhões a R$ 6 bilhões por ano - não têm chegado nem à metade do planejado.
Talvez seja a hora de relembrar, então, que, dada a urgência de soluções para a sociedade, o pequeno pode ser bonito - e muito mais rápido. Começando pelo saneamento. Brasília é hoje a capital com maior índice de coleta de esgotos, acima de 90%, graças ao sistema condominial, criado pelo pernambucano José Carlos Mello e introduzido na cidade no início da década de 90. Que, eliminando, nas quadras internas em áreas de expansão, a maior parte das caríssimas redes coletoras de grandes manilhas de concreto, conseguiu ali, com enorme economia, chegar bem perto da universalização. No Brasil já existem cerca de 5 milhões de pessoas beneficiárias do sistema, além de 1 milhão no Peru. Mas continua muito forte a resistência das empresas estatais a adotar esse caminho e restringir megaobras.
Não é a única solução de menor porte. A própria Agência Fapesp, junto com o Instituto de Geociências da USP, desenvolveu modelo eficiente de fossas sépticas para comunidades de menores recursos, capazes de degradar a matéria orgânica nos esgotos e dar tratamento adequado ao nitrogênio, que costuma permanecer durante décadas nas águas próximas das fossas convencionais (e 75% dos municípios paulistas já usam águas subterrâneas). Com a vantagem de que as fossas podem ser construídas por qualquer pedreiro, a custo baixíssimo (Agência Fapesp, 27/8/2010). No Paraná, onde 57,9% das cidades não dispõem de redes de coleta de esgotos (Ambiente Brasil, 27/12/2010), também se começam a instalar "estações de tratamento de esgotos por zona de raízes", um sistema em que plantas filtram o efluente antes de lançá-lo na natureza. Uma estação para tratar efluentes de uma casa pode ser feita em dois dias e custar R$ 500. Ou pouco mais, em pequenos conjuntos. Os coliformes fecais são reduzidos em 99%. Já há projetos maiores em andamento, como, em São José dos Pinhais (PR), uma estação para tratar os efluentes de 700 pessoas. A bióloga Tamara Van Kaick, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, atesta a eficiência do sistema.
Ainda na área do saneamento, é inacreditável que não se implantem sistemas para financiar a recuperação de redes de água, quando a perda média em nossas cidades é de 40% da água que sai das estações de tratamento e custa de cinco a sete vezes menos recuperar um litro de água que obter um litro "novo" com novas barragens, novas adutoras e novas estações de tratamento. Mas as prefeituras não conseguem recursos para entrar por esse caminho econômico.
Da mesma forma, dezenas de bilhões de reais vão para projetos como o da transposição das águas do Rio São Francisco e, em boa parte, para cidades com esses níveis de perda - enquanto é enorme a luta para conseguir mais recursos para construir cisternas de placas nas comunidades isoladas do Nordeste, capazes de abastecer de água uma família durante toda a estiagem. Cada uma delas custa cerca de R$ 1,3 mil, mas só foram instaladas 323 mil, quando se precisa de mais 1 milhão.
"Small is beautiful" - é preciso, mais que nunca, gritar pelas ruas.
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