o mosal

O MOSAL é um coletivo formado por pessoas e entidades de Florianópolis cujo objetivo é influir nas políticas públicas de saneamento básico, assim como promover a conscientização dos cidadãos através de ações e oficinas.
SANEAMENTO DESCENTRALIZADO
ESGOTAMENTO SANITÁRIO

RESÍDUOS SÓLIDOS

sábado, 6 de novembro de 2010

Nós temos proposta concreta

Nós temos proposta concreta

Na busca de expandir a proposta e aprimorar a compreensão sobre o modelo de tratamento descentralizado de esgotos, o MOSAL realizou duas oficinas populares até o momento: no Campeche, em 26.09.09, e em Ingleses, em 28.11.09. O mapa acima à direita retrata o resultado produzido pelos seis grupos de trabalho que reuniram ao todo 100 pessoas na I Oficina. Ele evidencia a clara diferença entre o modelo centralizado projetado e que está sendo implantado pela CASAN (mapa à esquerda) - contando com recursos do PAC e de vultosos empréstimos externos, e o modelo prospectado pela comunidade, descentralizado, que respeita as micro-bacias hidrográficas e os demais condicionantes sociais e ecológicos. Outra conclusão que ele ressalta, além da apontada, é que o “argumento técnico” no qual se escuda o trio PMF-CASAN-PAC, é falacioso, não resiste à comparação com o modelo descentralizado. Fica claro que não são “quesitos técnicos”, mas sim opções políticas e interesses econômicos que orientam essa conduta. É sempre bom lembrar que a companhia divide generosas bonificações sobre lucros a seus diretores e gasta milhões em “propaganda institucional” na grande mídia - imoralidades diante da situação em que se encontra o saneamento em nosso Estado e na ilha da magia, dando a impressão que há dinheiro sobrando. Ao divulgar e criticar essas coisas, o MOSAL incomoda a CASAN, seus parceiros e todos aqueles que direta ou indiretamente se beneficiam com esse desastroso esquema. Mas o MOSAL não só critica - apresenta propostas.

Emissários submarinos são desnecessários, por Gert Schinke*


No   artigo   publicado   nesta   coluna,   o   Presidente   da   CASAN,   Sr.   Walmor   de   Luca,
ressalta     um   suposto     “desconhecimento        sobre    o  funcionamento       dos   emissários
submarinos”.       Apressada      conclusão.    Sofisma     1:   afirma   ele   que   constituem     um
“tratamento   adequado”.   Os   emissários   NÃO   SÃO   equipamentos   de   tratamento   de
esgotos, mas emissores de efluentes já tratados, supostamente bem tratados, quesito
no qual a companhia que dirige se mostra precária. Sofisma 2: afirma que as águas
marítimas têm a “magnífica capacidade de autodepuração ao promoverem a diluição,
dispersão e a decantação de cargas poluentes”. Parte ele da premissa, portanto, que
os   esgotos   não   estão   devidamente   bem   tratados   ao   serem   lançados,   embora   mais
adiante   afirma   que   as   futuras   ETEs   do   Campeche   e   de   Ingleses   darão   tratamento
secundário e terciário aos mesmos. Infere-se, pois, que serão inertes, não acarretando
poluição. Mas, se não causarão poluição, porque lançá-los no mar? Não seria mais
lógico dispersar esta água doce tratada nas cabeceiras dos rios próximos as ETEs,
realimentando   os   lençóis   freáticos   para   fechar   o   ciclo?   Assim   os   emissários   seriam
dispensados. Nos brinda com o silogismo: “em Laguna um emissário funciona há mais
de    10   anos    sem     causar    quaisquer     problemas      de   balneabilidade”.     Logo,    em
Florianópolis,     também      não    causará     problemas.     A   questão     não   se   resume     a
baleabilidade, mas sim ao impacto global na orla, já por demais afetada. A premissa
nos induz a crer que o mar ainda suporta impactos, desde que suaves, na contramão
do que o mundo apregoa – deixá-lo em paz. O modelo centralizado                        proposto pela
CASAN, é o fator determinante para a concentração dos efluentes e só interessa às
empreiteiras,      aos    atores     políticos   envolvidos      e   às   empresas       avessas      ao
monitoramento   de   seus   resultados.   Mutatus   mutandis,  no  modelo  descentralizado,
os efluentes são totalmente absorvidos lá onde a natureza pode realizar esse serviço
ambiental.       E    de     graça.     Ecologicamente         sustentável      e    valendo-se       da
complementaridade   de   sistemas   de   tratamento,   respeita   as   bacias   hidrográficas,   é
menos energívoro, além de ser, em muitos casos, mais barato. Em paródia, tomara
que Florianópolis jamais chegue onde o Rio de Janeiro e outras capitais já estão há
muito tempo. Aqui poderíamos fazer melhor.

*ecologista

OX*, O BOI QUE NÃO É DE MAMÃO EM: MINHA SAGA HERÓICA PARA AMEALHAR FORTUNA- GERT SCHINKE

                             


OX*, O BOI QUE NÃO É DE MAMÃO EM: MINHA SAGA HERÓICA PARA AMEALHAR FORTUNA






NO CASSINO GLOBAL
  
     Filho da mais nobre estirpe lusitana a serviço da última ditadura militar, o pródigo  filho  ox  herdou  uma  biblioteca  geológica  que  lhe  indicou  onde garimpar tesouros, ainda que não em cofres, mas subterrâneos. Com alguns papéis, leia-se concessões de mineração, procurou sócios havidos por fazer grandes fortunas a partir do “nada”, talvez inspirado em Bill Gates e outros  exemplos da modernidade pós-industrial. Investimentos de “alto risco” viram investimento de “baixo risco” quando governos lhes dão sólidas garantias e créditos generosos. Assim, nosso  filho  pródigo  iniciou  sua  epopéia  rumo  ao  estrelato  empresarial:  informações estratégicas;   papéis   garantidos;   apoios   políticos;  muitos,  muitos    advogados    e  um ingrediente  tão  básico  quanto  os  anteriores  -  capitais  voláteis  (como  fundos  de  pensão privados  e  estatais  perseguindo  outra  nobre  saga  que  é  garantir  sustento  às  viúvas  do  primeiro mundo) na busca de pouso seguro para converter-se em “investimentos de baixo risco” e render-lhes fruto$. Tarefa básica cumprida, o pródigo ox anuncia seus fantásticos projetos  com  hiper-estardalhaço  pirotécnico,  nada  mais  nada  menos  que  super-portos, mega-estruturas,  hiper-minas,  super-serviços,  megas,  megas  e  outros  megas...  O  delírio percorre  as  mais  recônditas  e  obscuras  salas  de  executivos  do  mundo  todo.  Alvoroço  na banca e no poder, especialmente na capital federal, palco privilegiado da saga de ox.  


NOME SEDUTOR  
O  nome  comercial  “EBX”  carrega  traços  de  sofisticação  pós-modesnista, design marketeiro que o aproXima do seu personagem inspirador – o OX da Bolsa de Nova Iorque. Não por acaso, o espécime touro representa com sua postura  agressiva,  os  mais  secreto$  desejo$  dos  especuladores  em  todo mundo, machos mui viris, unanimidade no cassino global. Para açucarar sua arquitetura  empresarial,  além  de  oportunos  investimentos/promessa  em etanol, outros setores levariam a marca d’água “X” do nosso afável ox, como as OSX, MMX, OGX,  LLX,  dentre  outras  porventura  desconhecidas.  Nunca  antes  “nesse  país”  se  viu  um império empresarial ser erguido verticalmente de forma completa e num passe de mágica, coisa jamais sonhada por um Henry Ford – da mineração, à energia, à logística, aos serviços navais,  à  banca,  de  baixo  pra  cima,  de  cima  pra  baixo.  Não  é  pouca  coisa  nesses  dias  de feroz competitividade nos mercados globais. Para alguns, mão invisível do “livre mercado”.  

A MAGIA DA INEVITABILIDADE  

O  que  é  perfeitamente  evitável,  diante  da  traquinagem  capitalista  se  torna  “inevitável”. Não há, portanto, como deter, segundo essa macabra lógica, os “saudáveis investimentos”  que vêm em nosso socorro. Sob o mot do “desenvolvimento sustentável” e entoando o samba de uma nota só em trazer o “progresso” para nossa pobre  gente,  um  circo  providencial  se  arma  para  apresentar  resoluta  e ilimitada solidariedade ao esvoaçante capital a procura de pouso seguro, cuja expressão material e “humana” é nosso admirável ox. Começa uma chantagem de mão dupla: saio do Estado se não me derem apoio. De outra parte, se não apóias nossas campanhas, não faremos coro a teu projeto. Acordo selado, ox vai em frente.  


O MELHOR MOMENTO É AGORA  
 Um  cardume  de  puxa-sacos,  de  oportunistas,  de  lambe-lambes,  de aliciadores, de intermediadores, de despachantes, se unem num piscar  de olhos em torno de um intere$$e comum. Mas o que apregoam em  comum: trazer, enfim, o admirável mundo novo - redenção para nossa gente. Embora todo “milagre” que apregoam possa ser feito de outras formas, a magia da inevitabilidade não permite as pessoas romperem os grilhões mentais que as prendem ao surrado  discurso  de  ox,  ainda  que  diante  de  tantas  advertências,  exemplos  de  sucessivos desastres no mundo todo, e até bem aqui perto de seus narizes. O capitalismo cassino se reproduz  com  uma  sofisticada  arquitetura  de  poder  que  combina  em  sua  matriz  de dominação um sem número de vetores objetivos e subjetivos. De um lado muita propina e generosas  contribuições.  De  outro  lado,  discursos  inflamados  acenando  promessas  e garantias  materiais  e  intangíveis.  Difícil  saber  o  que  conta  mais:  a  grana  que  azeita  a engrenagem  ou  a  mímica  que  oblitera  a  visão  e  enferruja  as  mentes.  Ambas,  caminham lado a lado em meio ao descontraído rebolation de campanha que já vem sendo tramada a tempo. A Prefeitura de Biguaçu-city, por exemplo, em insuspeito ato de bravura,  alterou o zoneamento urbano na região especificamente para acomodar o estaleiro, anteriormente destinada à habitação. Por aqui tivemos a “moeda verde”, lá surgira uma “moeda azul”?  

PRADARIA COM GPS  

Fenômeno por ser ainda melhor estudado “nesse país” é verificar como a grande maioria dos parlamentares (não meus, por pressuposto), assim como autoridades executivas  (e  do  judiciário  também)  portam-se  diante  de  pomposos  projetos empresariais como o pretendido por ox. O executivo  (no poder executivo, digo) vira uma espécie de facilitador, ou dificultador, dependendo do afago insinuado. O parlamentar vira  despachante   do   empresário   para   ajeitar   as   coisas   junto   ao   executivo,   seu   “canal”  privilegiado. E ambos procuram um juiz para convencê-lo que a lei pode ser interpretada de outra forma que não aquela como foi anteriormente. É o samba do criolo doido no qual a distorção de função é o lugar comum, tão comum quanto as disfunções e distorções que se constata na máquina pública, marca do nosso imexível Estado pré-capitalista vivendo na era do hiper-capitalismo global. O “sistema GPS” ajuda nosso ox a se achar na pradaria.   

SELEÇÃO DE EFICIENTES DESPACHANTES  

Em  ato  de  nobre  bravura  e  eivada  de  autêntico  nacionalismo  e  espírito  público,  uma  famosa  senadora  “pede  a  cabeça”  do  superintendente  do  ICMBio  porque  ele  supostamente  não  teria  participado  de  uma  reunião  e  não explicou sua ausência a ela e ao capitão do time. Ato continuo, o time de despachantes  empresariais  tramita  o  processo  para  Brasília,  sítio  abençoado  onde  se  concentram  os  “grão-despachantes” do país. Estes têm um chefe maior, que não apenas despacha sobre  questões de Estado, mas articula mirabolantes acertos para a iniciativa privada. Foram as  bênçãos  e  garantias  institucionais  dadas  por  Lula  ao  Primeiro-Ministro  português,  José  Sócrates, que permitiram as negociações para que a Portugal Telecom (PT) vendesse para a  Telefónica  espanhola  a  participação  na  Vivo  e  virasse  sócia  da  "supertele"  Oi,  conforme  noticiado por toda grande mídia nacional e internacional no dia 29 de julho. Esse time, por  outro  lado,  também  toma  iniciativas  inusitadas,  como  a  que  articulou  a  criação  de  uma  Comissão  Mista  Permanente  sobre  Mudanças  Climáticas  no  Congresso  (a  casa  dos  “300  picaretas”, lembram?), da qual nossa astuta senadora é Presidenta (da tal comissão). Não  parece  estranho  alguém  zelar  pela  diminuição  dos  gases  do  efeito  estufa  e  ao  mesmo  tempo zelar pelos interesses da indústria petrolífera e seus associadoX, cuja evolução vai na  contramarcha do que se espera de todos os países do planeta em franco aquecimento? A  indústria petrolífera é tão massivamente apoiada pelo atual governo que até mesmo a CEF  (amável caixinha da nossa vida e da nossa casa) emprestou mais dinheiro no ano passado,  pasmem,  à  voluptuosa  petrobráX  do  que  emprestou  para  obras  de  saneamento  básico,  notícia igualmente veiculada na grande mídia nos últimos dias. Toda essa trama deságua no  mesmo emissário – o “desenvolvimento sustentável”, jargão propalado aos quatro ventos  pelo empresariado, governo, mídia, o time de despachantes, e seus aliados de sempre.  

MAQUIAGEM VERDE  


O que é “indústria pesada”, vira na linguagem “apropriadamente  verde” uma montadora de equipamentos off shore e correlatos, “modo  chomskyano”  de  maquiagem  lingüística  para  enganar  a                             todos com mentiras, falácias, especulações, falsas expectativas e  outras  ferramentas  próprias  dos  “think  tanks”  arregimentados  para produzir a onda de apoio às empreitadas do paper-capital intensivo. Enquanto o Brasil exporta milhões de toneladas de minério e aço, ao mesmo tempo importa chapas de aço da China  e  da  Coréia  para  construir  navios  aqui.  Porque  seria  diferente  em  Biguaçu-city?  Barcaças  trazendo  aço  de  onde?  Aço  que  cruzou  o  mundo,  arribou  em  porto  próximo  e novamente   embarcou   em   uma   “modesta   barcaça”.  Tremendamente energívora,  esta indústria pesada compromete a demanda energética de toda a região metropolitana, fator que  invoca  a  necessidade  de  mais  geração  energética,  seja  de  gás,  seja  hídrica.  Rombo inexorável no cofre estatal que deixará de investir em outras coisas como saúde, educação, etc, etc..., aparentemente secundárias, pois, afinal, o que conta hoje é um “bom emprego”.  Pergunta  oportuna:  porque  cargas  de  navio  os  estaleiros  nacionais  não  constroem  para companhias de navegação mercante que não a petrobráX, já que o país gasta R$ 6bi por ano em frete contratado a companhias do exterior? É dinheiro que não nos falta?  
BUGUI  BUGUI  LE  LE  LE  
Coisa adjeta é constatar como o time de despachantes empresariais trata o povo - de bobo, massa submissa de imbecis, bando de iletrados, incapaz de analisar os papéis dos atores em cena,  dos  prós  e  contras  do  projeto,  das  implicações  sócio-ecológicas  e,  ainda  por  cima, desmemoriado.  Chega  às  raias  da  humilhação  assistir  aos  apelos  de  alguns  despachantes mais entusiasmados e os representantes do grupo empresarial ofertando pirulitos sociais –  creches,  escolas,  delegacias  de  polícia,  etc,  etc...  As  tais  “compensações  ambientais”  não têm limites em fantasia. Plantar monocultura de pinus na serra ou bancar projetos sociais em  comunidades  carentes  equivale  a  abrir  uma  freeway  submarina  na  baía  norte?  Tal  cálculo  seria  inspirado  em  algum  “critério  técnico”?  Quando  não  há  mais  explicação razoável  para  contrapor  a  argumentos  ecológicos,  invariavelmente  apelam  para  o  tecno- lero-lero,  forma  de  desqualificar  os  atores  sociais  e  políticos  presentes  no  processo  de avaliação, e refúgio de pseudo-cientistas aprisionados por contracheques. Há algo, porém, que é certo e inevitável, coisa que este time conhece muito bem: logo mais algumas ONGs da  “inevitabilidade”  tentarão  tirar  uma  lasquinha  nas  verbas  destinadas  a  projetos  sócio- ambientais, troco miúdo que grupos desse porte leiloam a rodo para massagear a opinião pública a seu favor, nada que compromete seus obesos lucros. E assim, se fecha o círculo vicioso da admirável saga percorrida pelo nosso poderoso “ox”, herói do nosso tempo.   

A SAÍDA ELEGANTE  

A forma como empreendimentos dessa natureza tem saído de cena no Brasil são dignos de filmes de pós- apocalipse  holivudiano:  terra  arrasada;  populações miseráveis   largadas   à   própria   sorte;   imensurável  coleção  de  destroços,  ruínas  e  um  mar  de  passivos tóxicos,  ingredientes  de  cenários  comuns  por  todos os cantos. Muitos anos mais tarde, talvez, depois que esses  “passivos”  já  foram  amalgamados  pelo  tempo,  áreas  contaminadas  viram  áreas  de lazer nas periferias (embora normalmente ainda tóxicas), a custa de vultosos investimentos do poder público. Como sempre, lucro privatizado, custo socializado. Afinal, você também não é sócio de alguma empresa X ? Bastaria que algum poço em águas marítimas explodisse  para suspender parte das vultosas encomendas da “nossa” eco-petrobráx, e imediatamente os  investimentos  programados  para  a  construção  da  frota  de  petroleiros  tomariam  outro rumo. O risco de retorno do investimento o capitalista joga sobre as costas da população e do  Estado,  ambos  tomados  como  reféns  da  chantagem  sócio-econômica  que  só  tem  um único ganhador garantido – ele próprio. Terminada a saga, nosso ox saiu-se vencedor.                Já vi esse filme muitas vezes e não quero ver de novo. FORA OSX !!!!  
*BOI em inglês – lê-se “oks”. A palavra inglesa não porta a letra “s” de saciar, sacrílego, sagaz, sacripanta  

'Banheiro descartável' custa alguns centavos e pode ajudar na agricultura



Um empreendedor sueco está tentando produzir e comercializar uma sacola plástica biodegradável, que funcionaria como banheiro descartável para favelas urbanas no mundo em desenvolvimento.

Uma vez usada, a sacola pode ser amarrada e enterrada. Uma camada de cristais de ureia quebra os dejetos e os transforma em fertilizante, matando os elementos patogênicos – causadores de doenças – encontrados nas fezes.

A sacola, chamada de Peepoo, é criação de Anders Wilhelmson, arquiteto e professor de Estocolmo. “Ela não é somente sanitária”, afirmou Wilhelmson, que patenteou o produto. “Também pode ser usada para cultivar plantações”.

Em sua pesquisa, ele descobriu que favelas urbanas do Quênia, apesar de densamente povoadas, possuíam espaços abertos onde os dejetos poderiam ser enterrados.

Ele também descobriu que habitantes de favelas locais coletavam seus excrementos num saco plástico e se dispunham deles arremessando-os, o que chamavam de “banheiro voador” ou “banheiro helicóptero”.

Centavos de dólar - Isso inspirou Wilhelmson a projetar o Peepoo, uma alternativa ambientalmente correta que, segundo ele, seguramente trará lucro. “As pessoas dirão: ‘Isso tem valor para mim, mas com um preço bom”, explicou.

Seus planos são vender as sacolas por 2 ou 3 centavos de dólar – comparável ao custo de um saco plástico comum.

No mundo em desenvolvimento, calcula-se que 2,6 bilhões de pessoas, ou cerca de 40% da população mundial, não tenham acesso a banheiros, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).

Trata-se de uma crise de saúde pública: a defecação a céu aberto pode contaminar água potável, e aproximadamente 1,5 milhão de crianças em todo o mundo morrem anualmente de diarreia, em grande parte devido a problemas de saneamento e higiene.

Para diminuir o problema, as Nações Unidas têm como meta reduzir pela metade o número de pessoas sem acesso a banheiros até 2015.
 

Um trilhão de dólares  - O mercado para banheiros de baixo custo no mundo em desenvolvimento é de aproximadamente um trilhão de dólares, segundo Jack Sim, fundador da World Toilet Organization, grupo defensor do saneamento básico.

No que se refere a banheiros, “a classe média atingiu a saturação no consumo”, disse Sim, que se consideram fã do Peepoo. “Isso criou uma necessidade urgente de se olhar para um novo cliente”.

Desde 2001, sua organização organiza a Cúpula Mundial do Banheiro, e Sim contou estar animado pelo fato de, nos últimos anos, terem aparecido empreendedores criando soluções de baixo custo.

No encontro de 2009, a empresa Rigel Technology, de Cingapura, apresentou um banheiro de 30 dólares que separa os dejetos sólidos dos líquidos, transformando o lixo sólido em adubo.

A Sulabh International, empresa sem fins lucrativos da Índia e sede da Cúpula Mundial do Banheiro de 2007, está promovendo diversos banheiros de baixo custo, incluindo um que produz biogás a partir dos dejetos. O gás pode, então, ser usado na cozinha.

Entretanto, Therese Dooley, conselheira sênior de saneamento e higiene da UNICEF, afirmou que inculcar hábitos de saneamento não era uma tarefa fácil.
“Isso exigirá uma grande mudança comportamental”, afirmou Dooley.

Ela acrescenta que, embora “o setor privado possa desempenhar um papel de destaque, ele nunca chegará à base da pirâmide”.

Uma população considerável, pobre e sem educação, ainda será deixada sem banheiros, segundo Dooley, e ONGs e governos terão de se empenhar mais na distribuição e educação.

Enquanto isso, Wilhelmson segue em frente com seu Peepoo.

Após testar o produto com sucesso por um ano no Quênia e na Índia, ele contou que pretende massificar a produção da sacola neste verão. (Fonte: G1)

Universidade mineira desenvolve sistema que pode baratear o tratamento de esgoto Por Danielle Jordan / Ambientebrasil



Um estudo elaborado pelo Centro de Pesquisa e Treinamento em Saneamento, Cepts, vinculado ao Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, pode baratear o tratamento de esgoto.
A pesquisa, coordenada pelo professor Carlos Chernicharo, resultou na criação de um material de suporte feito de polietileno que pode ser aplicado em diversos sistemas de tratamento de esgoto.
Os microrganismos presentes no esgoto são retidos por meio desse sistema. Normalmente, para essa função são utilizadas pedras ou material sintético importado.
“A pedra é um material barato, mas muito pesado, o que dificulta o transporte e a colocação no interior das unidades de tratamento. Também é difícil de ser fornecida no tamanho correto, podendo ocasionar problemas de entupimento, além de apresentar pequena área superficial, ocasionando menor retenção de microrganismos”, avaliou o coordenador.
O sistema desenvolvido apresenta algumas vantagens em relação às técnicas empregadas usualmente, como custo reduzido e alta aplicabilidade.
*Com informações da UFMG

Carro é movido com esgoto tratado - Por Época NEGÓCIOS Online


Empresa de bioenergia inglesa conseguiu gerar gás para mover automóvel a partir do esgoto de 70 casas e já estuda um processo parecido para extrair combustível a partir de restos de comida

Carro é movido com esgoto tratado
Uma empresa inglesa conseguiu fazer um carro se mover a partir de esgoto tratado. A GENeco, especializada em pesquisas na área de bioenergia, desenvolveu um processo para extrair gás combustível a partir de esgoto residencial.
+Casa no jardim é aquecida com lixo orgânico

Segundo a companhia, com resíduos captados em 70 casas, foi possível produzir gás suficiente para abastecer um carro para rodar por cerca de 17 mil quilômetros. Segundo Mohammed Saddiq, diretor da GENeco, a ideia surgiu pois a companhia já usava biogás em sua fábrica. “Com o restante do gás que tínhamos, decidimos inventar algo sustentável e eficiente. Foi então que pensamos em produzir uma nova forma de energia alternativa aos combustíveis fósseis para carros, que são tão usados no Reino Unido”, afirma em comunicado.
Desta maneira, a empresa começou a estudar outras formas de produzir o biogás e chegou à ideia de tratar o esgoto. Saddiq garante que a performance do carro não é prejudicada. “Se você dirigir este carro, não vai perceber que ele é abastecido com biogás”, diz.
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Segundo a GENeco, na Suécia, mais de 11.500 veículos já são abastecidos com biogás, porém, o combustível é gerado com restos de comida naquele país. Por isto, a ideia da empresa é estudar também esta forma de produção de biogás para unir com o método de tratamento de esgoto e tornar o produto comercial no Reino Unido.
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O DIA DA DESTRU-AÇÃO DO EMISSÁRIO - por Raquel Macruz

                                    

O dia de sábado amanheceu nublado, bom para o trabalho ao ar livre.
A expectativa de um sol bom se estenderia até o dia seguinte, contudo, para que nossa ação de arte-protesto pudesse ter êxito.
A tarde foi ficando agitada na frente da escola Brigadeiro. Aos poucos as pessoas iam chegando e se organizando para a montagem do tubo, protagonista vilão de nossa encenação.
Uma parte do grupo unia as pontas dos canos, outras pessoas trabalhavam na montagem de bandeiras de peixes e na pintura de placas. Uns do distrito do Pântano do Sul, outros do Ribeirão e outros do Campeche. Ninguém era mais importante do que ninguém. A idéia perdera autoria. Construção de obra coletiva para o benefício de ninguém mais importante do que TODOS NÓS.
Idéias, sugestões, tentativas e as soluções foram sendo encontradas até que o esqueleto do cano desfilou atravessando nosso canteiro. O coração foi-se enchendo de prazer. Cada gota de suor, cada idéia integrada, um calo na mão, corte no dedo, cansaço... e o amor pela construção se aprofundava.
O tecido por fim, foi estendido e o cano tomou a forma perfeita. Os olhos se encheram de orgulho e as dúvidas do sucesso foram se dissipando...
A maquiagem final... A autoria daquilo que é alvo símbolo da destruição de nossa terra- PAC e Casan foram denunciadas nas paredes escuras de nosso canão.
A chuva veio fina, então, e nos refrescou e desafiou. Nosso emissário foi levado para dentro dos muros da escola, passando no teste do transporte. Resistente e leve produziu doce sensação de vitória. Mas era grande demais para passar pela porta do refeitório e alguém levara embora as chaves do ginásio, deixando o gigante sem abrigo para a noite...
Enquanto recebia acabamento final na pintura, recebeu também recheio nas entranhas. Conteúdo político, social e humano, que ao final dos trabalhos foi cuidadosamente protegido do tempo por uma gigantesca lona.

Olhos se abriram pela manhã despertados naturalmente, pelo sol, som das campainha, ou pelo susto de uma longa curta noite agitada, cansada da expectativa, revestida por um ar quente e parado que nutria a preocupação. Saltavam da cama as diferentes figuras rumo à epopéia final.

Os planos iam bem, mas as perguntas, dúvidas e receios penetravam indesejáveis em meio aos ânimos.  

No pátio vazio, o cano foi descoberto e era tudo realidade!

Carregadores de diferentes idéias e de portes variados foram chegando e o tubão, conexão de tantas diferenças, foi levado para o pátio externo junto à rua.
Aos poucos mais pessoas... e a equipe de apoio se formou.
Megafone, coroas de flores, orientações, entrevistas...
O tubão despertava curiosidade. As pessoas discutiam soluções e repudiavam a loucura. O modelo de sanemaneto ganhou a boca das pessoas que se esqueceram temporariamente de seus cachorros, das novelas da TV e da noitada vivida, para falar de uma realidade muito mais cheia de vida e emoção do que qualquer obra comprada.
Era a arte tomando seu lugar. O protesto bem vindo para dar forma à massa perdida.

A estrutura de nossa obra coletiva era examinada e opiniões e olhares saltavam para dentro do monstrengo que seria exterminado.

Anunciada a partida do féretro, todos queriam carregar o canão. Ao som de instrumentos os passos foram se ritmando e a empreitada anunciada aos passantes e curiosos.

Chegamos à praia e enfeitamos o cenário com o emissário. A visitação à suas entranhas estava aberta.  A fila se estendia para fora e escorregava para dentro da instalação que denunciava as intimidades mais estranhas dos habitantes dessa terra.

Pendurados, assentados, escorregadios artigos e peças esvoaçantes decoravam o cenário grotesco daquilo que poderia ser uma pitada de nossa imaginação. À saída do tubo, aos pés do mar, peixinhos coloridos encontravam seus porta-bandeiras que foram se reunindo para a dança final. Enquanto aguardavam o momento da partida, a equipe de escravos da Jacto-Bosta se postou perfilada ao emissário. Contratado da empresa, o capataz ordenava a seus subordinados, os comandos, aos brados, cheio de empáfia e rudez. Denúncia do momento de tristeza vivido pelas comunidades do Ribeirão da Ilha e Campeche, quando a notícia de que um emissário seria construindo numa ou noutra localidade.
A equipe da Jacto-Bosta rolava o cano para o lado do Campeche e os peixes enraivecidos bradavam “Aqui, não!”. Quando rolavam o cano para o Ribeirão, os peixes  desesperados respondiam “Aqui, não!”. Até que em coro, ambos os lados repudiaram a presença do monstrengo.
Instalado a contragosto, os peixes seguiram suas vidas e os cardumes desfilaram pelas areias da praia do Campeche. Ao passarem pela frente do emissário, a morte.

Os vários peixes coloridos engajaram-se em desfile de vida e morte até surgiu no ar uma vez mais, a indagação: “Vocês querem o emissário?”
Em coro fechado, o  ‘não” se fez ouvir e o emissário foi atacado a golpes de todos os tipos.
A resistente estrutura deixou dúvidas se iria colapsar. Não cedia à torcida nem aos solavancos recebidos. Criativos, os peixes, usaram então suas bandeiras e romperam as paredes cinzas do emissário.  Criadores se misturaram aos cardumes e quebraram espinha dorsal do monstrengo que veio ao chão ao som de gritos de comemoração e risadas.

Braços erguidos comemoravam a vitória e os restos mortais do vilão foi carregado para fora da praia ao som de música alegre e desfile de carnaval. A bernunça correu atrás da banda e se esbaldou abrindo sua boca e engolindo os restos do cano aos pedaços.

Na praia, a equipe de limpeza reorganizou o espaço, deixando limpa a areia como deve ser. Os banhistas voltaram a admirar a natureza e refrescar-se nas águas claras com novos assuntos a trocar e enfim, uma opinião a ser dada.

Cansados da marcha da volta, os artistas convidados voltaram à cena de suas vidas e a equipe de desmontagem não parou até que o último pedaço de madeira ou cano tivesse sido recolhido.

Foi assim a manhã desse domingo, dia 6 de Dezembro de 2009.
Consagrada experiência de arte efêmera, arte –protesto que chega até as pessoas nas ruas e até os mais distraídos que se dissolvem nas areias das praias.
Informação para todos os tipos.
Informação para saber o que está acontecendo.
Informação para se criar soluções.
Informação para se chegar a soluções.
Informação para se saber, pensar, atuar, integrar e mudar.

MOSAL- é MOvimento , é SAneamento de idéias e muita ALegria.
MOvimento SAneamento Alternativo.
Trazendo uma nova concepção de vida ao movimento social que se constrói em nossa cidade.


Foi no sábado... por Raquel Macruz


Nossa  1ª Oficina de Sistemas Alternativos de Tratamento de Esgoto conseguiu reunir 100 pessoas sem ter uma grande divulgação do evento. Excelente mesmo assim!
As pessoas da comunidade assistiram à explanação inicial de dois professores: um gaúcho dissidente que vive a causa ambiental... (Pensa, elabora e cria acordado ou dormindo. Cansado de dar com os burros n’água, ele  até diz não querer fazer mais nada por ninguém...Mas mesmo sem querer, faz um colosso pelo todo). O outro, um combativo paulista, que de tranqüilo mesmo só tem a voz. Trabalhador da universidade federal, acredita em compartilhar seus conhecimentos com  pessoas das comunidades e levou seus alunos pra perto daquilo que chamamos realidade e os convidou a chamar e desafiar seus professores da academia a essa aproximação. 
Tive o prazer de assistir às pessoas entrarem no salão com ar preocupado...”Será que vamos mesmo ter que aceitar os emissários?” “Como é que a gente pode se colocar contra essa proposta?”...
E durante a explanação, não se ouvia um mosquito voar. Os professores convidaram as pessoas a comparar... pensar...
Para surpresa de todos, o primeiro bloco foi finalizado com uma breve apresentação de alternativas simples e nenhuma proposta mágica foi feita. O plenário foi convidado a se dividir em grupos para trabalhar sobre seis mapas dos bairros ali do sul da ilha.
Perdidos diante do convite inusitado, indagavam-se como poderiam, eles, cidadãos comuns, sem conhecimento técnico trabalhar soluções... em mapas???
A princípio, as pessoas reunidas em volta das mesas não se aventuraram a debruçar-se sobre os mesmos e se limitavam a auxiliar os jovens universitários, que se colocaram à disposição para monitorar os trabalhos, a fixar o material sobre a mesa. O exercício de ser acreditado enquanto indivíduo pensante era definitivamente algo novo ali.
Aos poucos, contudo, as pessoas foram compreendendo como identificar as bacias hidrográficas daquela terra de todos e de ninguém e o exercício começou a pegar fogo. Homens e mulheres foram se encontrando e adotando os bairros. Homens e mulheres comuns começaram a descobrir - se tão pensantes, apesar de tantas dúvidas, quanto os acreditados técnicos e acadêmicos!!! Ora, quem diria! Era tudo uma questão de lógica! E aqueles dois professores acolheram o movimento- circulavam, conversavam, instigavam...
A hora do intervalo chegou. Ninguém foi embora... Ninguém se afastou...
A fome maior era a da oportunidade. Fome do saber e mais, fome do poder ser e pensar.
A pausa foi rápida. E ninguém reclamou do café e nem que queria mais biscoito.
A apresentação dos mapas foi feita pelos integrantes dos grupos. Gente. Nenhum expert. Só gente comum... eu, você...
O resultado obtido foi inegavelmente interessante. Grupos de moradores de distritos diferentes trabalharam sobre os mapas de distritos vizinhos. Seis equipes trabalhando separadamente sobre seis mapas dos três bairros do sul da ilha...
As sugestões de soluções criadas pelas equipes que cobriram o mesmo distrito foram confrontadas, revelando propostas e dúvidas muitíssimo parecidas... Sem mencionar o desvelamento de problemas em certas áreas críticas, que só poderão ter uma solução se as comunidades se compuserem como um todo, chamando a um confronto os interesses individualistas e bairristas.
Tive o prazer de ver pessoas se aproximarem do local da oficina cheias de dúvidas, e saírem de lá cheias de si. Algumas com mais dúvidas, outras desejosas de um aprofundamento das informações, outras, certamente indignadas, mas todas, certamente, muito mais dignas 
Parabéns aos professores e a todos!