O Fórum Alternativo Mundial da Água começou nesta quarta-feira (14) em Marselha, no sul da França com um pedido de gestão pública da água. O evento, que será concluído no sábado, é realizado em paralelo ao Fórum Mundial da Água, onde participam, sobretudo, responsáveis governamentais e grandes empresas da água, assim como profissionais e cientistas, para discutir uma melhor repartição e gestão.
Os manifestantes que organizam o evento alternativo protestam contra a construção de grandes represas, como a de Jirau, em Rondônia, que consideram “nefastas” para as populações locais e o planeta.
Simulando um rio que representa a vida e uma grande represa inflável que inunda as terras e mata a população e o gado, uma centena de ativistas denunciou a construção de represas em um ato na estação central de metrô de Marselha.
Os militantes das associações Ecologistas em Ação e Engenharia Sem Fronteiras explicaram que pretendiam chamar a atenção “sobre o impacto social e no ecossistema da construção de grandes reservatórios, como os que estão projetados na Patagônia chilena”.
Estas represas “são projetos extremamente caros, que inundam grandes extensões de terras cultivadas e bosques e significam a destruição irreversível de aldeias inteiras e dos meios de subsistência de milhares de pessoas”, disse a espanhola Lidia Serrano.
“Além disso, não são projetos ‘verdes’, como dizem seus promotores, mas aceleram as mudanças climáticas”, acrescentou a ativista que participou do protesto, no qual militantes agitavam cartazes onde era possível ler: “A água, como a vida, não é uma mercadoria”.
O ato no centro de Marselha foi organizado por ocasião do “Dia mundial dos rios e contra as represas”, proclamado pela organização Amigos da Terra, e para coincidir com a abertura do Fórum Alternativo Mundial da Água, que reúne a sociedade civil com a meta de “debater e construir alternativas que deem soluções à crise da água”.
As associações ecologistas denunciaram que a represa de Jirau, que está sendo construída pela GDF Suez (da qual o Estado francês é acionista em 36%) sobre o rio Madeira, é um projeto “colossal, que ameaça várias comunidades locais e seus meios de subsistência”.
“Em vez disso, existem outras técnicas que permitem produzir uma energia que responda às necessidades da população, como a energia solar térmica, geotérmica, eólica”, afirma a associação “Apenas um planeta”, presente em Marselha para o Fórum Alternativo da Água.
Por isso, os ecologistas convocam as grandes instituições financeiras multilaterais, como o Banco Europeu de Investimento, a “reorientar seus investimentos em direção a alternativas que respeitem mais as pessoas e os ecossistemas”, em vez de “financiar grandes represas cuja produção está destinada, sobretudo, a fins industriais”.
As metas definidas pelo Fórum Alternativo da Água são “avançar na implementação do direito humano à água em nível nacional e regional”, propor “formas públicas na gestão da água, contrapondo-se à privatização da gestão da água proposta pelo Fórum oficial”, e “propor uma transição em direção a outro modelo de desenvolvimento”. (Fonte: G1)
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