Em decisão inédita, Justiça
condena União e Comissão Nacional de Energia Nuclear a pagar R$ 100 mil à
vítima
Goiânia - 1987
Você se lembra disto?
GOIÂNIA - A Justiça Federal em
Goiás condenou ontem a União e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) a
pagar indenização de R$ 100 mil...
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Em 1987, a América Latina viveu
seu primeiro e maior acidente radiológico, quando 20 gramas de césio-137,
presentes dentro de um aparelho de radioterapia desativado, caíram nas mãos de
dois catadores de sucata de Goiânia. O elemento radioativo despertou a atenção
das pessoas por seu brilho azul e logo desencadeou um processo de contaminação.
Um prédio do Instituto Goiano de
Radioterapia destruído e abandonado com um
aparelho de radioterapia desativado foi
a causa deste "Chernobyl do Brasil", que
foi classificado como nível 5 na
Escala Internacional de Acidentes Nucleares. Um aparelho construído nos
anos 1950 para tratar câncer virou uma bomba
radioativa, quando dois catadores
de ferro velho, sem conhecimento do perigo,
tiraram este aparelho
com quase 20 gramas da substância radioativa, o Césio 137.
Assim começou uma reação em
cadeia que afetou e destruiu a vida de centenas de pessoas. A parte afetada do corpo
mais visível foram as mãos, porque com elas foram feitos os primeiros
contatos com este elemento altamente radioativo.
A fotografia mostra policiais
militares em cordão de isolamento para conter moradores de Goiânia que tentavam
impedir o enterro de uma das vítimas do césio-137. (foto: CPDoc JB)
Um dos exemplos mais fortes da
segregação sofrida por aqueles que tiveram contato com o Césio 137 foi
capturado em uma fotografia que mostra policiais contendo a população
goianense, que, com medo da contaminação, tentava impedir o enterro de uma das
vítimas na cidade.
Detalhe curioso: uma das soluções
que foram cogitadas para o lixo nuclear depois do acidente em Goiânia, que
chegou a ser aprovada pelo então presidente José Sarney, era estocar os
rejeitos na Serra do Cachimbo, no Pará, em uma área militar próxima à reserva
indígena dos Kayapós.
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