o mosal

O MOSAL é um coletivo formado por pessoas e entidades de Florianópolis cujo objetivo é influir nas políticas públicas de saneamento básico, assim como promover a conscientização dos cidadãos através de ações e oficinas.
SANEAMENTO DESCENTRALIZADO
ESGOTAMENTO SANITÁRIO

RESÍDUOS SÓLIDOS

terça-feira, 17 de julho de 2012

EMBARGO DAS OBRAS DA CASAN E O ESGOTO EM CANASVIEIRAS



O pessoal de Canasvieiras sabe bem no que resulta a centralização da coleta e "tratamento" de esgoto do modelo centralizado proposto pela Casan- PMF! 
A experiência do dia-a dia mostra que  as (não)soluções apontadas pelo poder público e pela empresa das águas trazem prejuízos avassaladores àquela comunidade . 
A população local vive o drama do esgoto não tratado, agora, o ano inteiro, e bem sabe que a estação, da maneira como é equipada e gerida não dá conta nem do esgoto local, que dirá de mais esgoto importado de outros distritos!


Vale lembrar:


"Durante a III Oficina de Saneamento Alternativo (nov 2010) ficou claro que o maior desafio, resultante do diagnóstico e da prospecção apontada durante a oficina, será o de encontrar a(s) área(s) receptora(s) dos efluentes finais gerados pelas áreas mais densamente povoadas do Bairro Canasvieiras. A solução mais adequada indica a utilização das áreas planas disponíveis no complexo do Sapiens Park, sem acarretar grande impacto sócio-ambiental ou mesmo comprometer a qualidade de outras instalações já em funcionamento atualmente ou previstas. 

Outro ponto meritório a ser destacado é o fato de esse exercício de prospecção evidenciar a possibilidade concreta e eficiente do envolvimento comunitário na busca das soluções para o saneamento básico, coisa até agora praticamente impensável e revestida de imensa resistência, especialmente por parte do grupo de detentores do conhecimento técnico sobre o tema, historicamente refratários a qualquer intromissão em sua seara profissional."
( do Relatório da III OSA- Canasvieiras)



Reunião para embargo das obras da CASAN


A reunião promovida pelo Grupo de Trabalho da ACIF Regional Canasvieiras – que ocorreu na noite de 16 de julho de 2012 – foi muito produtiva. O objetivo era único: pedir o embargo das obras que trarão esgoto de outros bairros para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Canasvieiras. Uma ETE que comprovadamente não consegue tratar a atual carga de esgoto que recebe.

Essa afirmativa não é nossa: está no último relatório da FATMA (órgão estadual licenciador e fiscalizador); e nos últimos trabalhos de fiscalização realizados pelo ICMBio.

Parece absurdo que tenhamos nos reunido pra esse fim. O certo é que o projeto nunca tivesse saído do papel. Mas as obras estão em ritmo avançado e no início de agosto estarão prontas para funcionamento se nada fizermos para impedi-las.

As autoridades presentes agiram como sempre. Contaram as velhas histórias pra boi dormir: “vão se inteirar do problema, não podem decidir agora... mas, todos os órgãos que representam são sérios, trabalham com eficiência e a culpa de qualquer possível problema é da comunidade”.

Mas, a comunidade já sabe que é assim que funciona! Tudo isso não passa de um teatro para os representantes do Poder Público. Quem é escalado pra participar desses encontros já sabe o que deve falar e a papelada que deve ter em mãos.

Vamos ter que pagar mais salários: pro pessoal da AGESAN – agência de saneamento – que foi contratada pela Prefeitura pra fiscalizar o que a CASAN anda fazendo no município. Sabendo que o atual chefe dessa AGESAN já foi chefe da FATMA por um bom tempo e que contribuiu para que Floripa ficasse do jeito que está, não podemos esperar muita ajuda à nossa causa...

O importante é que a comunidade a ser impactada pelo ingresso de esgoto dos demais bairros do norte da Ilha da Magia (Ingleses, Jurerê Tradicional, Praia Brava, Cachoeira de Bom Jesus) está ciente de que é preciso suspender esse projeto absurdo, ilegal e altamente perigoso à saúde dos moradores e dos turistas.

Este desastre ambiental não está sendo alardeado por um grupo de ecochatos tentando impedir o progresso e o desenvolvimento. A reivindicação para paralisar imediatamente as obras vem de trabalhadores que ganham honestamente seu dinheiro com o turismo local, com a maricultura, com a pesca artesanal e que querem continuar ganhando dinheiro dessa forma.

Se a Baía de Canasvieiras virar um mar de esgoto, tudo isso estará perdido.

Um por todos... e todos por um! Para que não matem a galinha dos ovos de ouro.



Ana Echevenguá - advogada ambientalista - OAB/SC 17.413
Florianópolis - SC - Brasil

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