o mosal
O MOSAL é um coletivo formado por pessoas e entidades de Florianópolis cujo objetivo é influir nas políticas públicas de saneamento básico, assim como promover a conscientização dos cidadãos através de ações e oficinas.
SANEAMENTO DESCENTRALIZADO
sábado, 6 de novembro de 2010
Emissários submarinos são desnecessários, por Gert Schinke*
No artigo publicado nesta coluna, o Presidente da CASAN, Sr. Walmor de Luca,
ressalta um suposto “desconhecimento sobre o funcionamento dos emissários
submarinos”. Apressada conclusão. Sofisma 1: afirma ele que constituem um
“tratamento adequado”. Os emissários NÃO SÃO equipamentos de tratamento de
esgotos, mas emissores de efluentes já tratados, supostamente bem tratados, quesito
no qual a companhia que dirige se mostra precária. Sofisma 2: afirma que as águas
marítimas têm a “magnífica capacidade de autodepuração ao promoverem a diluição,
dispersão e a decantação de cargas poluentes”. Parte ele da premissa, portanto, que
os esgotos não estão devidamente bem tratados ao serem lançados, embora mais
adiante afirma que as futuras ETEs do Campeche e de Ingleses darão tratamento
secundário e terciário aos mesmos. Infere-se, pois, que serão inertes, não acarretando
poluição. Mas, se não causarão poluição, porque lançá-los no mar? Não seria mais
lógico dispersar esta água doce tratada nas cabeceiras dos rios próximos as ETEs,
realimentando os lençóis freáticos para fechar o ciclo? Assim os emissários seriam
dispensados. Nos brinda com o silogismo: “em Laguna um emissário funciona há mais
de 10 anos sem causar quaisquer problemas de balneabilidade”. Logo, em
Florianópolis, também não causará problemas. A questão não se resume a
baleabilidade, mas sim ao impacto global na orla, já por demais afetada. A premissa
nos induz a crer que o mar ainda suporta impactos, desde que suaves, na contramão
do que o mundo apregoa – deixá-lo em paz. O modelo centralizado proposto pela
CASAN, é o fator determinante para a concentração dos efluentes e só interessa às
empreiteiras, aos atores políticos envolvidos e às empresas avessas ao
monitoramento de seus resultados. Mutatus mutandis, no modelo descentralizado,
os efluentes são totalmente absorvidos lá onde a natureza pode realizar esse serviço
ambiental. E de graça. Ecologicamente sustentável e valendo-se da
complementaridade de sistemas de tratamento, respeita as bacias hidrográficas, é
menos energívoro, além de ser, em muitos casos, mais barato. Em paródia, tomara
que Florianópolis jamais chegue onde o Rio de Janeiro e outras capitais já estão há
muito tempo. Aqui poderíamos fazer melhor.
*ecologista
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